Você gosta de estar próximo de pessoas que reclamam o tempo todo? Não? Nem eu, então não sejamos essa pessoa! Todos nós temos contratempos em nosso cotidiano, e em muitas ocasiões desabafar, buscar um ombro amigo pode funcionar como uma forma de diminuir esse peso emocional, mas algumas pessoas reclamam de tudo, do sol, da chuva, do calor, do trânsito… Ah pára de reclamar, mente negativa não contribui para uma vida positiva. A ciência atual por meio de diversos estudos e experimentos, tem constatado que o contato frequente com reclamações e negativismos, atinge diretamente e negativamente o nosso cérebro, e consequentemente, toda a nossa fisiologia, sendo os principais impactos negativos, a instabilidade emocional, vitimização, ciúmes, desconfiança, procrastinação e sintomas psicossomáticos sérios, como enxaqueca, gastrite, ansiedade, distúrbios do sono, intestino irritável e até pressão alta e outras doenças cardíacas. Mas nem todas as notícias são ruíns, pesquisadores de todo o mundo se debruçam em estudos que demostrem a relação entre uma mente positiva e a saúde integral. Um estudo em especial realizado pelo Centro Médico da Universidade de Duke, nos EUA, demonstrou que emoções positivas contribuem para que um indíviduo seja mais saudável. A pesquisa foi realizada com um grupo de 2.618 pessoas que se submeteram a uma angiografia (exame que revela como o sangue circula pelas artérias para nutrir o coração) e ainda, responderam a um questionário que visava compreender o mindset (nossa maneira singular de pensar) dos voluntários acerca de sua saúde no futuro. Após quinze anos, ocorreu a segunda etapa do experimento que constatou que os voluntários com expectativas mais positivas, apresentavam quase 30% a menos de chances de padecer por complicações cardíacas.
Não precisamos viver no mundo de Pollyanna (a conhecida síndrome de Pollyanna é a tendência que algumas pessoas têm de se fixarem em coisas agradáveis o tempo todo), adotar essa atitude a qualquer custo, pode ser sinônimo de fuga da realidade, de visão imatura e até distorcida. Pensar positivamente funciona, mas não acontece de forma mágica como muitas pessoas gostariam. O pensamento positivo por si só, não vai engordar a sua conta bancária, nem brotará do dia para a noite uma casa nova com a escritura em seu nome. Martin Seligman da Universidade da Pensilvânia e criador da abordagem Psicologia Positiva, alerta que apositividade precisa vir acompanhado de práticas positivas, mas a dúvida, o medo e até mesmo a descrença e a tristeza são naturais, fazem parte da condição humana, o que importa é que tais sentimentos e emoções sejam gerenciados e nunca ignoradas ou bloqueadas. Seligman enfatiza ainda, que pessoas com mais disposição para ver o lado positivo da vida, tendem a cuidar muito mais da própria saúde, praticar exercícios físicos e alimentam-se melhor, o melhor dos dois mundos.
Não basta ficar repetindo em frente ao espelho: “Serei mais Positivo, serei mais Positivo”, isso cabe mais ao relacionamento entre a Rainha má do conto infantil Branca de Neve e os sete anões e seu espelho mágico. Uma das coisas que contribuem para isso, é a nossa herança cultural, de forma especial, a educacional. Pensar positivo não é tarefa fácil para quem cresceu ouvindo frases limitantes do tipo: “Desista, não vai dar certo”, “Isso não é pra você”, “Aceite que dói menos”. É preciso ressignificar e seguir em frente, pois todas às vezes em que evocamos uma memória limitante, traumática, ocorre a secreção de hormônios associados ao estresse, de maneira especial o cortisol, como se estivéssemos revivendo aquela mesma experiência em sua plenitude emocional e metabólica.
Existe uma máximas da Neurociência do Comportamento que enfatiza que o
nosso cérebro é projetado para cuidar da nossa sobrevivência e evoluiu para
procurar problemas e perigos, por isso, temos uma facilidade maior em
atentar-nos ao lado negativo das situações, o mais natural então é ser mesmo
mais pessimista, contudo, a realidade atual já é por si só extremamente
adoecedora. O sociólogo e filósofo polonês Zygmunt
Bauman falecido há dois anos, foi o criador do conceito de modernidade líquida, estamos vivendo tempos“líquidos”, porque tudo muda tão rapidamente, nada é feito para durar, para ser “sólido” e com esse tempo, surgem a obsessão pelo corpo ideal, o culto às celebridades, o endividamento geral, a baixa autoestima e a instabilidade dos relacionamentos amorosos. É um mundo de incertezas e individualismo, e com isso, uma realidade estressora, podendo o estresse ser definido como falta de controle, incertezas. Por isso mesmo, ser mais positivo é atualmente uma questão de sobrevivência, precisamos que o nosso cérebro gere “química positiva” para não adoecermos frente a todo esse estresse existente em nossa rotina diária.
Você pode estar pensando agora, “Ok, entendi. Mas o que eu posso fazer então para ser mais positivo?” Certamente não é possível em poucas linhas apresentar todas as possibilidades para uma vida mais positiva, mas temos sim alguns comportamentos simples para um mindset mais positivo, e assim, sentimentos e comportamentos mais adaptativos para uma vida com mais qualidade, tenho trabalhado exatamente tais comportamentos nas consultorias em Saúde Emocional que realizo nas empresas, resumidamente:
1º Escolha palavras mais positivas: Andrew Newberg, neurocientista da Universidade Thomas Jefferson coautor do livro Words Can Change Your Brain (Palavras podem mudar seu cérebro – tradução livre), enfatiza em seu artigo nesse livro, que uma única palavra pode influenciar a expressão de genes que regulam a tensão emocional e física, tanto positivo quanto negativamente, por exemplo, quando a pessoa utiliza palavras positivas para si (percepção individual), ela pode alterar a forma que o cérebro funciona, aumentando a ativação da área cognitiva, fortalecendo os lobos frontais, além dos centros motivacionais, contribuindo assim para uma ação positiva. Mas lembre-se que aqui o contrário também é verdadeiro, terminologias negativas ativam o centro de medo do cérebro, as amígdalas cerebrais, resultando em respostas ansiogênicas de luta ou fuga.
2º Tenha equilíbrio entre imput (entrada) e output (saída): Permanecer no modo de imput cerebral, é quando você se reabastece de bons conteúdos, seja através de leitura, palestras, treinamentos, uma boa conversa, meditação, psicoterapia, ou até mesmo quando você tem uma boa qualidade de sono, é quando amplia o seu banco de conhecimento, inspiração, estado emocional positivo e acima de tudo, de sentido. Por outro lado, o output cerebral, é quando você está criando, trabalhando, quando está encarregado e sobrecarregado, às vezessão tantas atividades, que não há tempo para novos imputs, mas mesmo assim, continua em outputs intermináveis até se esgotar e “travar”, por isso, gerencie melhor os seus outputs e mantenha imputs regulares.
3º Comemore as suas vitórias: Para quem quer ser mais positivo, é importante começar pelo reconhecimento e celebração de cada pequeno passo todos os dias, frequentemente grandes conquistas vêm de pequenos começos, quando focamos apenas na conquista de sonhos e metas grandes demais, podemos nos frustrar e acabar por não valorizar as pequenas grandes conquistas diárias. Celebrar as vitórias amplia a motivação, e assim, as possibilidades de se alcançar grandes metas se tornam possíveis, portanto, celebre suas vitórias diárias, seja um herói do cotidiano.
Reclamar não é pecado, mas o que é realmente salutar é reclamar para a pessoa certa, no tempo certo e do jeito certo, o “pecado” está quando esse “mimimi” infindável de reclamações se tornam um hábito negativo, provocando isolamento social, baixa imunidade com todas as suas consequências, além de sérias dificuldades nos relacionamentos, tanto intrapessoal, quanto interpessoal. Bora migrar de um mindset fixo e negativo para um mindset de crescimento e positivo? Bora progredir nessa jornada? Siga em frente e seja no mínimo, muito feliz!
Cesar Fialho
Psicólogo, Coach e Consultor em Saúde Emocional nas organizações
Cel: (11) 96365-0695